A crise da água, prevista para o futuro, já chegou em grande parte do Brasil, castigando agora a região sudeste onde se concentra a maioria da população e da produção econômica brasileira.
Ela decorre da escassez de chuvas na região, enquanto outras, como a sul, padece com excesso de chuvas.
Um dos caminhos para combater a seca é da engenharia cuja solução principal é a transposição de água de bacias hidrográficas com disponibilidade hídrica para outras, com escassez.
No caso do sudeste este caminho se tornou inadequado pela escassez em todas as bacias da região. As eventuais transposições teriam que ser feitas a distâncias muito maiores, com consequências ambientais inimagináveis.
O caminho mais usual é a economia no uso da água, reduzindo o consumo, seja de forma voluntária como compulsória. A compulsória tem como forma principal o rodízio no fornecimento, uma solução discutível em relação à economia do consumo.
Um terceiro caminho, mas complexo é o da maior disponibilização dos corpos d’água, parte desses inutilizáveis pelo nível de poluição e do alto custo do tratamento para torná-la potável.
Entre os elementos poluidores, promovidos pelo ser humano, um dos principais é o óleo de cozinha usado, que é descartado diretamente nas pias das cozinhas ou nos ralos. Além dos problemas que gera nas redes de esgotos ou de água pluviais, causando enchentes quando há grandes precipitações de chuva, segue diretamente para os cursos d’água, contaminando-os e poluindo-os.
Estimativas técnicas apontam que um litro de óleo de cozinha usado contamina cerca de 20 mil litros de água. Porém para a descontaminação natural são necessários um milhão de litros.
Esse processo pode ser visualizado em São Paulo, onde o rio Tietê que corta todo o Estado, nasce limpo, vai ficando contaminado à medida que cruza a região metropolitana e volta a ficar limpo mais ao interior, pela descontaminação natural que ocorre com a contribuição do volume de água dos seus afluentes com água limpa.
Com a redução do volume de água natural, dada a escassez de chuvas na região, a mancha de poluição avança á jusante e muitas cidades que captavam a água limpa do Rio Tietê agora perderam essa fonte. Ainda que o rio continue passando nas suas bordas, o seu sistema de tratamento não é suficiente para torná-los adequadamente potáveis. Ou quando tecnicamente suficientes, implicam em aumento de custos que levam ao aumento de tarifas.
A redução da contaminação da água por resíduos líquidos poluentes é um dos principais meios para aumentar a disponibilidade de água para uso humano.
Os resíduos industriais são mais fiscalizáveis, em função da concentração da geração. O óleo residual de combustíveis, embora mais difuso, também pode ser mais controlável uma vez que a geração está concentrada em empresas gestoras dos postos de “gasolina”.
O óleo usado de cozinha é o maior problema, não só pelo seu volume, como pela sua geração altamente difusa e descarte individualizado.
O problema é agravado porque a maior geração ocorre entre as famílias de menor renda, moradoras das periferias das grandes cidades, onde o mercado não tem interesse em ir buscar.
Para reduzir a poluição das águas é preciso desenvolver mecanismos eficazes de coleta do óleo de cozinha residual gerado nas comunidades mais pobres. Esta é a proposta do Programa Bióleo.
Para mais informações entre em contato conosco: gil@bioleo.org.br
Por Jorge Hori.
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