Cartilha mostra como reúso, reciclagem e economia de água e energia podem ajudar negócios em pequenas e médias empresas
O Estado de S.Paulo
Reciclagem, economia de água e energia, reúso de materiais e compra de materiais sustentáveis passaram de preocupação ambiental a bom senso para os negócios.
A responsabilidade com o meio ambiente, em muitos casos, pode aumentar a eficiência de empresas e até gerar renda.
É o que mostra uma cartilha do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com dicas para introduzir esses conceitos no dia a dia de uma micro ou pequena empresa.
Voltado para os profissionais que abriram recentemente seu próprio negócio, o material traz exemplos práticos para reduzir custos, melhorar a relação com os clientes e, ao mesmo tempo, gerar um impacto positivo no meio ambiente.
Confira:
Recomendação dos especialistas é ficar atento a vazamentos
e desperdícios no dia a dia Foto: Divulgação/AmCham
Compras sustentáveis
Conhecer a origem de matérias-primas e as práticas de responsabilidade ambiental praticadas por fornecedores é uma das principais maneiras de garantir um produto sustentável. Essa preocupação também se aplica ao descarte de produtos e insumos após o uso.
Para isso, recomenda-se avaliar a necessidade de cada compra e considerar aluguel de equipamentos ou prestação de serviços para substituir o consumo.
Quando a compra é considerada fundamental, uma das medidas de precaução sugeridas é comparar produtos de acordo com seu processo de produção, considerando a economia de energia, contratação da mão de obra local, reciclagem e certificações ambientais.
Além disso, o Sebrae aconselha verificar a situação legal dos fornecedores antes de contratá-los. Com o número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa em mãos, é possível checar certidões negativas, de débitos e se existem denúncias contra ela.
Comprar matéria-prima local também reduz custos e desenvolve a economia da região.
“O menor preço nem sempre é aquele que oferece um comércio mais justo para todos”, diz a cartilha.
Eficiência energética
Além de reduzir custos, a eficiência energética diminui o impacto no meio ambiente. É possível produzir mais gastando menos, garante o guia.
Uma medida simples para garantir esse objetivo é utilizar, sempre que possível, iluminação natural: janelas podem ficar abertas sempre que possível e, se houver necessidade e dinheiro para investimento, mudanças estruturais no imóvel podem garantir maior incidência de luz solar.
Paredes com cores claras refletem os raios de sol e deixam o ambiente mais fresco, o que economiza o uso de ar-condicionado - que devem ser limpos com frequência para garantir um bom desempenho energético.
Para equipamentos elétricos e eletrônicos, o selo Inmetro/Procel nível A é um indicador de que o aparelho consome menos energia.
Outra dica é trocar lâmpadas comuns pelas fluorescentes ou de LED. Se houver uma geladeira ou refrigerador no local de trabalho, a dica é instalar em local bem ventilado e não encostar o aparelho em paredes e móveis.
A ventilação melhora o desempenho do equipamento, assim como mantê-lo longe da incidência de raios solares e outras fontes de calor.
Uso eficiente de água
Seja num pequeno escritório ou numa grande rede de supermercados, a água é fundamental para garantir o pleno funcionamento de um negócio. Ações para reúso e economia de água ajudam a manter o recurso disponível por mais tempo.
A primeira recomendação dos especialistas é ficar atento a vazamentos e desperdícios no dia a dia da empresa. Tecnologias como arejadores na torneira também ajudam a racionar o uso. A escolha por produtos de limpeza biodegradáveis, que se misturam à água e acabam na rede de esgoto, evita contaminação.
O Sebrae também estimula os empregadores a fazer campanhas para estimular a economia de água para funcionários e clientes. “Muitas vezes é possível produzir mais gastando menos com simples mudanças de comportamento”, lembra o órgão.
Resíduos sólidos
Com frequência, aquilo que é encarado como lixo pode gerar renda para a empresa. Latas de alumínio, papel e até óleo usado podem gerar receita quando ganham destino adequado.
Uma das dicas para melhorar a gestão do lixo é fazer um levantamento de todos os resíduos gerados pela empresa. Para destinar o descarte a uma entidade que pague pela reciclagem dele, é fundamental fazer a coleta seletiva, com separação de metal, plástico, papel, vidro, material orgânico e não recicláveis.
“Os recicláveis podem ser encaminhados para cooperativas de catadores; o orgânico, para a compostagem; e os perigosos (pilha, baterias, óleos, pneus), para empresas especializadas”, recomenda o Sebrae.
O guia também sugere analisar métodos de fabricação dos produtos ou prestação de serviços, com o intuito de produzir mais com menos matéria-prima e gerar menos lixo. Sobras e aparas também podem ser reutilizadas.
Consumo consciente
Desperdício, poluição, desmatamento e mudanças climáticas são fatores que têm levado muitos a repensar seus hábitos de consumo.
Há várias opções que ajudam a tornar a venda de um produto ou serviço mais sustentáveis, e atender a essa demanda.
Uma solução é oferecer o refil como alternativa à embalagem tradicional, e estimular a devolução de materiais como garrafas, potes e latas para facilitar o reúso.
Materiais poluidores podem ser substituídos por outros menos agressivos, como trocar sacolas de plástico por material reciclado ou biodegradável.
O Sebrae aconselha pesquisar a percepção dos clientes para entender quais aspectos de sustentabilidade são mais valorizadas em cada negócio.
Desenvolvimento social
Pequenas, médias ou grandes, as empresas geram impacto na comunidade onde estão instaladas e podem melhorar a qualidade de vida ao seu redor. Esse impacto pode vir na forma de apoio a iniciativas de educação, assistência social ou zeladoria, por exemplo.
Uma das ações sugeridas é a adoção de espaços públicos como praças, ruas, escolas, e áreas verdes.
O apoio não precisa ser necessariamente financeiro. Trabalho voluntário e outras formas de apoio institucional também podem gerar resultados.
Esse apoio também pode ser direcionado a entidades com causas que estejam de acordo com valores da empresa.