Certificação ambiental

Pesquisas mostram que edifícios sustentáveis reduzem em 30% o consumo de energia e em 50% o consumo de água. A procura pela certificação é grande, mas os desafios são maiores

Por Laurimar Coelho

Edição 155 - Fevereiro/2010


Divulgação: Ventura Corporate Towers
Edifício Ventura Corporate Towers (RJ) certificado na categoria Gold do Leed CS (Core and Shell Development Project). A principal dificuldade para certificar edifícios como esse é encontrar profissionais capazes de simular o desempenho energético do conjunto
No ano passado, a arquiteta Beatriz Pacetta, que trabalha na Incorporadora e Construtora Trisul, em São Paulo, recebeu uma tarefa: visitar e analisar uma área na cidade de São Carlos, interior do Estado, onde seria implantado um novo conjunto habitacional. "Quando vi aquela imensa área verde, com araucárias e uma topografia interessante, percebi que tinha tudo para abrigar um empreendimento sustentável", recorda.
De volta à Capital, Beatriz não pensou duas vezes. Conversou com outros coordenadores envolvidos no empreendimento numa tentativa de convencê-los a certificar o conjunto habitacional. Já tendo conhecimento sobre os selos e certificações existentes no mercado nacional, passou a analisar qual seria o mais adaptado. Entre os argumentos da arquiteta, estavam sua experiência nos tempos em que trabalhou na França visitando empreendimentos sustentáveis pela Europa e a viabilidade de aplicação da certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental), desenvolvido no Brasil a partir da certificação francesa Démarche HQE.
"Falei com vários colegas de trabalho sobre a possibilidade de certificarmos o conjunto, mas havia um certo receio de todos. Quando me dei conta, já estava na sala do presidente da empresa para convencê-lo da minha idéia e deu certo", conta satisfeita. O projeto de São Carlos foi o projeto piloto durante a fase de adaptação da certificação Aqua Residencial para o Brasil. Atualmente, está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos.
No Brasil, são aplicadas atualmente duas certificações ambientais: o Aqua e o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), de origem americana. Há ainda os selos Sustentax e Procel Edifica, ambos brasileiros (veja quadro).
A escolha de Beatriz pelo Aqua tem uma explicação: "É o único que foi estudado levando em conta a adequação aos critérios brasileiros. Ele propõe a avaliação do desempenho global do empreendimento, durante todas as fases do seu ciclo de vida".
O Processo Aqua fornece parâmetros de análise para o gerenciamento dos impactos do edifício sobre o ambiente exterior (ecoconstrução e ecogestão) assim como para a criação de um espaço interior sadio e confortável.
O engenheiro Manoel Martins, auditor da Fundação Vanzolini e coordenador do Processo Aqua, explica que a prática da certificação ambiental é compatível não só com a realidade dos projetos comerciais, como dos habitacionais no Brasil. "Ao investir na qualidade ambiental dos edifícios o retorno com economia de água e energia elétrica é excepcional. Na França, por exemplo, 80% dos empreendimentos habitacionais têm certificação e os não-sociais com certificação chegam a 25%."
Preconceito
Ser sustentável no Brasil não é fácil. Muitos consumidores duvidam da reputação e da qualidade dos produtos e serviços sustentáveis, porque confundem sustentabilidade com ecologia, baixa qualidade, rusticidade etc. Acham que tudo o que é sustentável é mais caro e não tem ampla oferta no mercado, além de desconhecerem os critérios que os tornam verdes. No Brasil, apenas 29% das empresas desenvolvem alguma ação de modo a organizar uma rede de fornecedores socialmente responsáveis e 31% possuem políticas para efetivar "compras verdes".
Paola Figueiredo, profissional acreditada pelo Leed no Brasil e diretora do Grupo Sustentax, diz que, em geral, 10% das empresas que buscam o selo não conseguem chegar até o final do processo, uma vez que, além do produto em si, são analisados produtos complementares, muitas vezes de empresas terceiras.
Paola salienta que os produtos atestados e edificações certificadas têm diferenciais competitivos, uma vez que atendem a requisitos nacionais e internacionais. "Quando começamos a trabalhar com o Selo Sustentax achamos que o segmento de produtos que possuem compostos orgânicos voláteis, como tintas, vernizes, carpetes, adesivos, colas, entre outros, seria o primeiro a buscar a obtenção do selo, dadas as questões de toxicidade e qualidade ambiental interna. Mas isso não aconteceu num primeiro momento. Tivemos, sim, uma grande procura por fabricantes, por exemplo, de pisos elevados, uma vez que no Brasil eles enfrentam uma concorrência acirrada. E hoje percebemos todos esses segmentos empenhados nesse objetivo, incluindo a certificação de produtos de limpeza."
Pesquisa divulgada pelo Ibope em 2007 já mostrava que 52% dos consumidores brasileiros estão dispostos a comprar produtos de fabricantes que não agridem o meio ambiente, mesmo que sejam mais caros (veja recomendações no site do Conselho Brasileiro da Construção Sustentável para compra de produtos verdes). E 98% dos brasileiros alegam que trocariam de fornecedor se um produto fosse certificado, no levantamento da Accenture sobre mudanças climáticas para os consumidores, em 2008.
Capacitação profissional
Pesquisas realizadas por empresas de consultoria especializadas no segmento de construções sustentáveis mostram que empreendimentos verdes reduzem em até 30% o consumo de energia, em 50% o consumo de água, em 35% a emissão de CO2 e em até 90% o descarte de resíduos, além de garantir um ambiente interno mais saudável e produtivo. Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil, afirma que "a ideia da certificação não é impor limites ao mercado da construção civil e, sim, convidar os profissionais deste setor a participar de projetos sustentáveis de forma adequada. Estamos longe de ter um edifício 100% sustentável no País, mas caminhamos para isso. O Brasil oferece 95% dos recursos e da tecnologia necessários para este objetivo".
Na opinião do executivo, "ser verde não é ser mais caro, até porque o retorno financeiro do investimento ocorre em no máximo cinco ou seis anos. Hoje, grandes empresas multinacionais, como a Petrobras, por exemplo, buscam certificações ambientais em seus projetos. O que falta para o desenvolvimento deste segmento são verba e conhecimento".
Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construção da Tishman Speyer - empresa gestora de investimentos imobiliários à frente dos projetos dos edifícios Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo, e do Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro - ambos certificados Leed - afirma que a principal dificuldade enfrentada no processo de certificação é encontrar profissionais capacitados para fazer simulações de desempenho energético dos prédios. "Não basta projetar. É preciso comprovar a eficiência do edifício antes mesmo de sua conclusão por meio de softwares especiais. Alguns são sofisticados e outros até bem simples. Mas se você não sabe inserir corretamente os dados no programa não obtém resultados confiáveis."
Conheça os critérios de quatro certificadoras


Divulgacao: Leroy Merlin
Loja Leroy Merlin - Niterói (RJ)
Desde outubro, o Brasil mantém a primeira loja de varejo a receber a Certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental). Trata-se da unidade da Leroy Merlin - loja especializada em materiais de construção - que fica em Niterói (RJ). Quando resolveu certificar o empreendimento, o gerente de obras Pedro Sarro sabia que enfrentaria dificuldades para atingir seus objetivos, mas usou sua experiência pessoal em gestão de obras para alcançá-los. "A Leroy Merlin já contava com um projeto interno de sustentabilidade e resolvemos unir nossa experiência em gestão com essa iniciativa, aplicando tudo em uma de nossas unidades. Começamos pesquisando as certificações ambientais que já existiam no exterior, a exemplo do Leed. Mas vimos que no caso dessa certificação americana não havia muita relação com a nossa realidade. Optamos pelo processo Aqua, porque avalia a gestão e não somente o desempenho."
Mesmo a certificação Aqua, baseada na HQE francesa, precisava de ajustes. "O projeto da unidade de Niterói foi um piloto, porque estudamos juntos com o pessoal da Fundação Vazolini as adaptações que deveriam ser feitas no processo Aqua para adequá-lo à realidade brasileira", conta Sarro.
As dificuldades no início não foram poucas. O gerente de obras explica que foi preciso compensar alguns quesitos exigidos pelo Aqua e que o empreendimento não podia cumprir. "O processo prevê, por exemplo, que você deve utilizar material vindo do entorno do empreendimento em um raio de 200 km. Neste caso, como conseguimos atestar que nem tudo estava disponível nos arredores, isso foi possível compensar com outras medidas para atingir nossas metas de sustentabilidade como, por exemplo, o processo de reciclagem dos resíduos da obra."
Outras iniciativas favoráveis ao meio ambiente no empreendimento são o uso de piso de concreto polido, que dispensa cera ou removedor e requer pouca água para a limpeza; a criação de um depósito de 150 mil litros de água de reúso para os vasos sanitários, limpeza da loja e manutenção dos jardins; reaproveitamento do piso do antigo estacionamento que havia no local de implantação da loja; uso de tintas à base de água; válvulas sanitárias de duplo fluxo nos banheiros; mictórios que não utilizam água e nem produtos químicos na descarga; ar-condicionado com ajuste automático de temperatura; coletores solares para aquecimento da água e iluminação da fachada com leds, que gastam três vezes menos energia. A loja com mais de 17 mil m2 oferece 50% de economia de água e 17% de energia elétrica em relação a um empreendimento convencional deste porte.
O gerente lembra que não teria conseguido isso sem a ajuda de antigos parceiros da rede varejista. "Sem uma gestão eficiente da obra, tudo o que você planejou fica só no papel. É preciso contar com fornecedores em conformidade com seus objetivos de sustentabilidade e ainda ter mão de obra treinada, o que não é fácil porque o mercado da construção civil lida com profissionais nem sempre qualificados, como no caso de ajudantes de obra, por exemplo. Em geral, são pessoas que não conseguiram emprego em outras atividades que exigem maior nível de escolaridade e, ao trabalharem na construção, precisam ser orientados de forma correta."
Em todo o mundo, a Leroy Merlin mantém 800 lojas e a de Niterói, no Brasil, é a primeira a ser certificada. A obra levou 130 dias para ser concluída e todo o projeto - desde seu programa, concepção até a realização - exigiu oito meses de trabalho. Com a certificação, o custo da obra teve um acréscimo de 8%, mas Sarro calcula que o retorno financeiro deve acontecer em seis anos.
Marcelo Scandaroli
Rochaverá Corporate Towers (São Paulo)
Este complexo de escritórios de alto padrão em São Paulo recebeu a certificação Leed CS - Core and Shell Development Project, na categoria Gold, que comprova que o empreendimento atende a todos os requisitos necessários para aliar o máximo aproveitamento dos recursos naturais com a redução do impacto ambiental da construção - durante a obra e, também, no período de funcionamento do edifício. 
"Adotamos elevadores com sistema de antecipação de chamada e regenerador de energia para reduzir o consumo. O ar-condicionado também utiliza um sistema descentralizado, que possibilita seu desligamento quando não há usuários em um determinado ambiente", conta Milene Abla Scala, coordenadora do escritório de arquitetura Aflalo & Gasperini - responsável pelo projeto do complexo.
Para otimizar o funcionamento do sistema de refrigeração do edifício, houve um estudo detalhado da fachada, que ganhou planos inclinados e ficou com 59% de sua superfície opaca e 41% translúcida. Ela foi dividida em módulos para a realização de estudos do tratamento externo conforme a orientação solar.
As mesmas soluções implantadas em outros edifícios certificados projetados pelo escritório, como o Eldorado Business, de São Paulo, e o Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro, também estão presentes no Rochaverá, como o uso de vidros de alto desempenho, esquadrias com o máximo de estanqueidade, além da medição individualizada de água e energia elétrica. Somente a redução no consumo de energia elétrica deste empreendimento chega a 15%.
Para Milene, a certificação veio para reforçar um trabalho que no escritório já era focado no desempenho energético. "Ela traz uma abordagem ambiental que antes não era tão aprofundada no mercado nacional. Com a certificação, buscamos alternativas e nos surpreendemos com ótimos resultados obtidos a partir de soluções muitas vezes simples."
A arquiteta conta que em vários projetos no escritório houve a tentativa de utilizar persianas importadas e personalizadas, que são fabricadas de acordo com a orientação solar imposta ao edifício. "Mas descobrimos que apenas com o uso de vidro laminado, rolô e dimerização da iluminação junto à fachada, poderíamos obter uma eficiência energética superior."

Conjunto habitacional - São Carlos (SP)
O conjunto habitacional a ser implantado pela Incorporadora e Construtora Trisul na cidade de São Carlos (SP) poderá ser o primeiro empreendimento desta categoria a receber uma certificação ambiental no Brasil.
A empresa optou pelo processo Aqua, por julgá-lo adaptado à realidade brasileira. "É um modelo global que leva em conta os critérios de desempenho brasileiros", diz a arquiteta Beatriz Pacetta, coordenadora de arquitetura na Trisul. O conjunto, que atualmente está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos, prevê a construção de seis edifícios de 12 andares cada, com seis apartamentos por andar, além de 167 casas com dois e três dormitórios cada. O local abrigava um antigo hotel-fazenda e oferece uma ampla área verde com mata nativa, que será recuperada e preservada, onde é possível encontrar espécies protegidas, como as araucárias.
"A busca pela certificação não é uma tarefa simples. Dificilmente um projeto atenderá a todos os itens existentes na certificação, mas é um excelente cheklist para se obter um projeto que respeite o meio ambiente", enfatiza Beatriz.
Para a arquiteta, o Brasil não está tão atrasado quanto se imagina em matéria de sustentabilidade. "Temos à nossa disposição excelentes profissionais e tecnologia suficiente para a obtenção de bons resultados", diz.
Além de um programa de preservação e manutenção da área verde, o empreendimento deve contar com soluções para a captação e o reaproveitamento da água da chuva, ventilação e iluminação naturais, reciclagem de lixo etc.
Outra iniciativa a ser implantada no conjunto habitacional é o sistema de informação ao usuário. "É preciso planejar muito bem a escolha de sistemas eficientes, para que haja uma real economia por parte dos moradores ao longo do tempo, a fim de garantir o resultado satisfatório das medidas implantadas em projeto", conclui Beatriz.
Divulgação: Ventura Corporate Towers
Ventura Corporate Towers (RJ)
Este edifício recebeu a Certificação Leed CS - Core and Shell Development Project, na categoria Gold, que trata da envoltória do empreendimento, suas áreas comuns e internamente com o sistema de ar-condicionado e elevadores.
Nas fachadas, a proporção entre as superfícies opaca e a translúcida (WWR) ficou em 58% translúcido e 42% opaco. O edifício incorpora vidros de alto desempenho, que reduzem os efeitos da incidência solar sem comprometer a entrada de luz.
Foram planejadas esquadrias com o máximo de estanqueidade, visando minimizar a penetração de ar (o que eleva a eficiência energética do sistema de ar-condicionado), sem comprometer a visão externa e a iluminação natural.
No quesito consumo, o Ventura conta com medição individualizada de água e energia elétrica. O elevador oferece sistema de antecipação de chamada (ADC) e regenerador de energia - que gerencia a energia gasta nas frenagens e arranques. Já o sistema de ar-condicionado é do tipo VRV (Volume de Refrigeração Variável), que opera individualmente por ambiente. Há, ainda, o sistema de dimerização da iluminação junto à fachada.
Para reduzir ao máximo o consumo de água, o edifício oferece reservatório para retenção de água de chuva com tratamento para reutilização. A água é destinada à irrigação. Há também o aproveitamento da água de condensação do sistema de ar-condicionado e em todo o edifício há aparelhos economizadores nas bacias, lavatórios e mictórios.
O projeto do Ventura priorizou o máximo de área verde permeável e o uso de acabamentos claros para evitar absorção de calor na cobertura. Os espaços destinados ao estacionamento têm ampla área coberta também para evitar ilhas de calor. Oferecem ainda vagas exclusivas para veículos movidos a álcool e GNV e um bicicletário.
No edifício, foram utilizadas madeiras certificadas e o projeto priorizou o uso de materiais fornecidos em regiões próximas ao empreendimento, minimizando o impacto com transporte na cidade. E o lixo produzido no empreendimento conta com depósitos especiais identificando baias e prateleiras para plásticos, metais, papel, papelão, vidro e orgânicos. 

>>> Confira o infográfico: Sistemas para edificações sustentáveis

Fonte: techne.pini.com.br 

Stakeholder, esse desconhecido !

Interagir com os diversos públicos é o desafio para as empresas que querem manter relação de transparência com seus investidores e com a sociedade.
Acabou o “business as usual”. Ou seja, a maneira de fazer negócios e de gerir empresas mudou, e mudou muito para as organizações que pretendem se manter na ativa neste século XXI. Uma das transformações mais radicais está na forma como as empresas se relacionam com seus diversos públicos, ou stakeholders. Antes era simples decidir quais eram os grupos de interesse das empresas: resumiam-se a acionistas, funcionários, colaboradores e clientes. Hoje, definir quem são as pessoas e comunidades com as quais as empresas devem manter relações privilegiadas, quais opiniões são importantes e quais ações podem impactar de forma tangível ou intangível a empresa é um desafio ainda em aberto para muitas organizações.
Para muitos especialistas, a maior parte das empresas ainda não sabe como estabelecer um diálogo franco com seus stakeholders, diz o jornalista e consultor de empresas Fernando Rios: “É fácil quando a conversa é sobre dinheiro, com acionistas ou clientes, mas torna-se difícil quando envolve a sociedade”. As empresas, segundo Rios, não sabem ouvir as demandas sociais e, algumas vezes, não acreditam que tais demandas sejam legítimas ou tenham a ver com seu negócio. “Às vezes, é necessária uma intervenção da mídia para que as organizações cumpram seus deveres”, explica.
O jornalista e consultor em sustentabilidade Luciano Martins Costa menciona algumas dificuldades adicionais para que as empresas identifiquem claramente seus stakeholders. Para ele, em alguns setores esses personagens migram, trocam de posição em termos de relevância conforme a época do ano, ou conforme o estágio de um projeto ou produto. E cita como exemplo a relação entre grandes varejistas e seus clientes no momento de vendas maciças, como o Natal, e a natureza dessa relação no pós-venda. “No setor de mineração, como deve ser encarado e tratado quem vive numa favela à margem da ferrovia que transporta minérios? É um stakeholder? Como estabelecer e manter relações com ele e criar uma parceria para evitar acidentes que possam paralisar o fluxo de trens? Pouquíssimas empresas têm estratégias que contemplem essas sutilezas”, afirma.
Uma das maneiras consideradas mais eficazes de relacionamento com múltiplos públicos é estabelecer canais de comunicação de mão dupla. Vilmar Berna, um dos mais conhecidos jornalistas que cobrem temas socioambientais no Brasil, ganhador do prêmio Global 500 das Nações Unidas, vê na comunicação o calcanhar-de-aquiles desta relação. “Ainda há a cultura do ‘nada a declarar’, outras ainda acreditam na filantropia na relação com a sociedade, financiam projetos irrelevantes e acham que, com isso, estão comprando a lealdade de seus interlocutores”, explica. Para Berna, seria muito mais fácil se, ao errar, a empresa buscasse o diálogo com os públicos atingidos, montasse um sistema de monitoramento que incluísse a sociedade. “Isso cria um vínculo de confiança e respeito mútuo entre os stakeholders e os gestores da empresa”, explica.
Na construção de relatórios de sustentabilidade, uma das etapas é justamente o diálogo com os stakeholders. É parte do que os especialistas chamam de “materialidade” das ações relatadas. As empresas precisam validar aquilo que relatam junto a seus públicos, e este é um momento de muita expectativa e alguma tensão. Segundo Aron Belinky, também consultor em responsabilidade social, existe falta de preparo das organizações na hora de ouvir. “Algumas vezes a empresa ouve, mas não sabe o que fazer com a mensagem que recebeu, outras vezes as pessoas encarregadas de ouvir não gostam do que escutam e engavetam a mensagem”, explica. Ele acredita que as empresas não veem nessas práticas uma distorção e que “elas são normalmente explicadas com chavões do tipo ‘não podemos prejudicar nossas metas’, ou ‘o que foi dito não era importante’”, conta, com a experiência de quem já participou de centenas de reuniões com empresas.
Para o professor Evandro Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a questão das relações entre a empresa e seus públicos é cultural. “É preciso mudar as mentes para que as pessoas comecem a pensar de forma diferente nos processos de relacionamento e tomada de decisões”, diz. Ele criou uma metodologia de trabalho chamada Gestão da Mente Sustentável, em que procura alinhar palavras a atos concretos. Dessa forma as pessoas e empresas passam a atuar com foco mais objetivo e com maior possibilidade de sucesso. Ele acredita que uma interação organizada a partir de fatos e atitudes pode ser mais eficiente do que simplesmente discursos e intenções.
O fato é que as empresas estão muito despreparadas para incorporar opiniões contrárias aos seus interesses e reagir de forma positiva em relação a elas. Esse certamente é o grande avanço necessário nos próximos anos, e os relatórios de sustentabilidade jogam o tema sobre a mesa. Empresas inteligentes vão perceber que, antes de críticas, as opiniões contrárias são importantes dicas de como agir em um mercado em constante mutação. (Envolverde)
Material produzido em parceria pela Envolverde e pela revista Razão Contábil.
(Envolverde/Razão Contábil)

Balada verde !

O primeiro clube noturno ecologicamente correto do Reino Unido abrirá as portas no próximo dia 10, no Bar Surya, em Londres. A notícia é do tablóide britânico Daily Mail. A maior atração da casa é a pista de dança, que, embalada pelo bate-pé dos baladeiros, ativa geradores capazes de fornecer 60% da energia elétrica do local. O clube também vai reciclar a água utilizada e servir drinks orgânicos. A entrada vai custar 10 libras (R$ 31,60), mas quem chegar a pé, de bicicleta ou transporte público entra de graça.
Novidade? Nem tanto. Em setembro, Roterdam, na Holanda, também terá seu clube com pista geradora de energia elétrica. Mais um sinal de que iniciativas verdes podem ajudar muitas empresas a ganhar visibilidade e se diferenciar da concorrência.
Fonte: Papo do Empreendedor

E.U.A reconhecem a eficiência do etanol brasileiro

Agência ambiental do governo dos Estados Unidos reconhece eficiência do etanol brasileiro. Para cientistas, decisão aumenta ainda mais a necessidade de investimentos em pesquisas sobre biocombustíveis
A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) anunciou que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 61% em relação à gasolina – o que o caracteriza como um “biocombustível avançado”.
O reconhecimento da EPA – que abre o mercado norte-americano e mundial para o etanol brasileiro e deverá contribuir para a redução das tarifas de importação impostas ao produto pelo governo dos Estados Unidos – aumenta ainda mais a necessidade de investimentos em pesquisas relacionadas ao biocombustível no Brasil, segundo pesquisadores.
“O governo dos Estados Unidos reconheceu algo que já estava bem claro para a comunidade científica. Trata-se de uma excelente notícia para o etanol brasileiro, pois a disponibilidade de um biocombustível avançado comercialmente viável é um elemento importante para a estratégia norte-americana de redução de emissões de GEE [gases de efeito estufa]. No entanto, a provável abertura do mercado criará uma demanda que só poderá ser suprida se tivermos um grande avanço tecnológico”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo Cortez, a necessidade de aumento da produção poderá ter tal magnitude que somente seria possível de ser realizada com investimentos em pesquisa para o aprimoramento do etanol de primeira geração e para o desenvolvimento da produção de etanol celulósico – que deverá aumentar a produtividade sem expansão da área plantada de cana-de-açúcar.
“Essa boa notícia precisa ser acompanhada de investimentos para que o etanol tenha melhores indicadores, como custo de produção, redução de consumo de fertilizantes, produtividade agroindustrial, condições de trabalho no campo e redução de queimadas. A sustentabilidade do etanol tem que ser considerada em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas”, disse.
Cortez, que é coordenador adjunto de Programas Especiais da FAPESP, coordena o Projeto de Pesquisa em Políticas Públicas da Cadeia Cana-Etanol (Diretrizes de Políticas Públicas para a Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), apoiado pela Fundação e voltado para as rotas tecnológicas para a produção do etanol.
De acordo com avaliação feita pela União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica), a decisão da EPA abre o mercado para a entrada de 15 bilhões a 40 bilhões de litros de etanol brasileiro nos Estados Unidos até 2022. A nova legislação norte-americana estabelece que o consumo mínimo de biocombustíveis deve ser de mais de 45 bilhões de litros anuais e, até 2022, esse volume deverá ser elevado para até 136 bilhões de litros.
“A decisão não abre o mercado apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, porque a EPA é reconhecida em todos os países e o etanol brasileiro provavelmente ganhará importância nas estratégias de redução de emissões de todos eles”, disse Cortez.
O pesquisador também coordena estudos sobre expansão da produção de etanol no Brasil visando à substituição de 10% da gasolina no mundo em 2025 por etanol de cana-de-açúcar, feitos pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Unicamp.
Para ser considerado um biocombustível avançado, o produto deve reduzir as emissões de GEE em pelo menos 40% em relação à gasolina. Artigos científicos indicaram que a redução do etanol brasileiro variava entre 60% e 90%, dependendo da metodologia de estudo. O etanol de milho norte-americano, em comparação, produz redução de cerca de 15%.
“Que eu saiba, por esse critério, não há nenhum outro biocombustível avançado comercialmente viável. O biodiesel europeu, que tem melhor desempenho, proporciona reduções na faixa de 20% a 30%. Os norte-americanos têm esperanças de conseguir essa classificação para o etanol de segunda geração, mas ele ainda não é comercial e quando estiver sendo produzido ainda será muito caro”, afirmou Cortez.
Aumento da produção
O professor da Feagri-Unicamp explica que o reconhecimento da EPA certamente ajudará a derrubar a tarifa de importação do etanol brasileiro nos Estados Unidos, que está estabelecida até o fim de 2010 em US$ 0,54 por galão.
A tarifa, estabelecida para proteger os produtores de etanol de milho nos Estados Unidos, é considerada um grande obstáculo para o produto brasileiro. Mas, segundo o cientista, o ideal é que elas sejam diminuídas gradativamente, com a criação de tarifas diferenciadas.
“Com essas tarifas eles protegem os fazendeiros, mas não reduzem as emissões o suficiente. Esse protecionismo é incoerente com as estratégias ambientais e deverá ser revisto. Mas é preciso que essa redução aconteça paulatinamente para que a indústria brasileira tenha tempo para se preparar para a imensa demanda que será gerada. Se a redução for repentina, isso poderá levar ao desabastecimento”, disse.
O reconhecimento da EPA do etanol brasileiro como biocombustível avançado não basta para que ele seja integrado à estratégia norte-americana, segundo Cortez.
“Para optar de fato pelo nosso etanol, eles precisarão analisar se o Brasil é um fornecedor seguro. O único jeito de garantir isso é aumentar a produção. Hoje, sabemos que uma simples alta na exportação do açúcar já é capaz de afetar o fornecimento de etanol no Brasil”, afirmou.
Cortez ressalta que hoje os Estados Unidos consomem cerca de 560 bilhões de litros de etanol por ano, enquanto o Brasil consome aproximadamente 40 bilhões de litros.
“Se o mercado norte-americano começar a demandar uma quantidade importante como 5 ou 10 bilhões de litros por ano, isso vai afetar significativamente o mercado brasileiro. Esse mercado é muito sensível ao preço do açúcar em nível internacional e ao consumo de álcool em nível interno”, destacou.
Fonte: Agência FAPESP.

Começa o Show Rural Coopavel !

Começa hoje (08/02) o maior evento de difusáo tecnológica da América Latina, o Show Rural Coopavel. Em sua 22ª edição,o evento segue até sexta feira (12/02). Segundo os organizadores, sustentabilidade é a palavra da ordem em 2010.
De acordo com Dilvo Grolli, diretor presidente da Coopavel, a agropecuária deve continuar produzindo mais, porém, com foco voltado às ações preservacionistas. "Neste contexto do Show Rural, a sustentabilidade está implicita na quase totalidade dos 242 expositores do evento", afirmou.
São esperados mais de 150 mil visitantes. Para Grolli, o cenário atual do agronegócio é otimista, o que deve refletir no sucesso do evento.
A Gessulli Agribusiness também marca sua presença no Show Rural Coopavel 2010. Localizada no estande 06 do pavilhão de suinocultura, a empresa está focada na divulgação da AveSui América Latina 2010 e da Aquafair 2010. As revistas Avicultura Industrial e Suinocultura Industrial também estão circulando durante o evento, difundido informações importantes da cadeia de aves e suínos e destacando nossos parceiros.

2º CIEPG - 27 a 29 de maio !

O 2º Congresso Internacional de Educação de Ponta Grossa - Paraná  acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de Maio de 2010.

Calendário:
De 04/02/2010 a 04/03/2010
Chamada de Trabalhos

Dia 11/05/2010
Divulgação dos Artigos Aprovados

De 27/05 a 29/05/2010
2º CIEPG-Apresentação de Trabalhos e Pôsteres

TEMA:
Educação, Trabalho e Conhecimento: desafios dos novos tempos


EIXOS TEMÁTICOS
1. Avaliação da Aprendizagem Escolar
2. Currículo
3. Educação e meio ambiente

4. Educação e movimentos sociais
5. Educação e tecnologias da informação e comunicação (TICs)
6. Educação, inclusão e diferenças
7. Educação, sociedade e cultura
8. Educação, trabalho e ensino profissionalizante
9. Estado, Políticas públicas e educação
10. Organização e administração do trabalho docente
11. Práticas de ensino de conteúdos específicos
12. Profissão docente e formação de educadores


Mais informações: http://.isapg.blogspot.com

Empreendedores precisam estar preparados para a sustentabilidade, diz especialista !

Em entrevista à Pequenas Empresas & Grandes Negócios, a coordenadora técnica do Programa de Responsabilidade Social no Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberta Cardoso, dá exemplos de como as pequenas e médias empresas podem se tornar mais sustentáveis
Por Ana Cristina Dib
Especialista em responsabilidade social no varejo, Roberta Cardoso dá dicas sobre como adotar práticas mais sustentáveis na empresa
Doutora em administração e coordenadora técnica do Programa de Responsabilidade Social no Varejo da Fundação Getúlio Getulio Vargas (FGV), Roberta Cardoso é uma das defensoras de práticas sustentáveis pelas empresas varejistas. Em entrevista à Pequenas Empresas & Grandes Negócios, a doutora diz que nos próximos anos a tendência é ocorrer uma conscientização dos consumidores, que estarão em busca de produtos e serviços que não agridem o meio ambiente. “A mudança vai acontecer gradualmente e os empreendedores precisam estar preparados para elas”.
Que dicas você dá para empresas que querem ser sustentáveis e não sabem por onde começar?
É interessante começar pelo público interno. Explicar para os funcionários o que é sustentabilidade, dizer que a questão vai além de cuidar do meio ambiente, ensinar formas de ser mais sustentável na vida pessoal e dentro da empresa. Feito isso, pode-se começar a desenvolver alguns projetos como, por exemplo, coleta pós-consumo e reciclagem. Dar oportunidade a fornecedores locais para gerar renda local e diminuir a emissão de Co2 também é um bom início.
Quais são os principais desafios para as empresas se tornarem sustentáveis?
O primeiro deles é a massificação dos produtos. Mudança de cultura também é um impasse. Porque para haver sustentabilidade dois elementos são necessários: tecnologia, que possibilita fazer mais com menos, e a mudança de hábito, o que é mais complicado porque mexe com a mentalidade das pessoas e com estilo de vida. De qualquer forma, acho que temos feitos avanços. Muitos consumidores já estão sensibilizados. Há três anos, quando eu ia fazer compras e recusava sacolas, as pessoas achavam estranho. Hoje é um comportamento normal
A sociedade atual é muito consumista e a sustentabilidade prega consumir apenas o necessário. Como vai se dar essa mudança de comportamento e de escolha da população?
O estilo de vida das pessoas vai mudar e a legislação será precisa e eficiente. Na verdade, certos abusos vão começar a ficar caros. A taxa do lixo aplicada em São Paulo é uma tendência, medidor individual de água nos prédios é outra. Desperdiçar recursos vai sair caro porque tem um impacto muito grande. As pessoas vão ter que reduzir ou modificar a forma de consumo. Não há outra saída.
Não corre o risco das empresas terem seus lucros diminuídos?
Não. O que vai acontecer é uma mudança na forma de consumo. Vamos consumir mais serviços. Muitos produtos vão ser de propriedade das empresas e terão vida útil maior. O site Susteintable Everyday apresenta algumas soluções interessantes. Por exemplo, ao invés de todas as casas terem máquina de lavar e secadora, lavanderias comunitárias serão instaladas nos prédios, em condomínios ou em regiões. O usuário paga pelo serviço. O empresário precisa estar atento a essas mudanças, saber que elas estão acontecendo e encontrar novas oportunidades de negócio que certamente vão surgir. Fecham-se algumas portas, mas abrem-se outras. A mudança vai acontecer gradualmente e os empreendedores precisam estar preparados para elas.
Fonte: Revista PEGN

Critérios de sustentabilidade são incorporados às licitações do governo federal !

Uma das exigências é a comprovação da origem da madeira para evitar o emprego de madeira ilegal na execução da obra ou serviço.
A aquisição de bens e a contratação de obras e serviços pelos órgãos do governo federal terão que seguir critérios de sustentabilidade. O ministério do Meio Ambiente participou da elaboração da Instrução Normativa do Ministério do Planejamento, publicada na terça, dia 26, no Diário Oficial da União, que define as regras das compras governamentais sustentáveis que envolvem os processos de extração ou fabricação, utilização e o descarte de produtos e matérias-primas.
De agora em diante, as obras públicas serão elaboradas visando a economia da manutenção e operacionalização da edificação, redução do consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental.
A Instrução Normativa também prevê, no caso das obras públicas, a utilização de sistemas de reuso de água e energia, procedimentos para reduzir o consumo de energia, utilização de materiais reciclados, reutilizáveis e biodegradáveis e redução da necessidade de manutenção, além do uso de energia solar. Outra exigência é a comprovação da origem da madeira para evitar o emprego de madeira ilegal na execução da obra ou serviço.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE